domingo, março 21, 2010

O que é a Homeopatia afinal e para que serve? por Helmuth Lehmann

Samuel Hahnemann, o criador da homeopatia. Nasceu em 1755 e morreu em 1843.

Estudou medicina, mas acabou por se desiludir com a insuficiência dos métodos de cura aplicados na altura. Na época, o uso de sanguessugas e ventosas era a prática médica mais importante, e os médicos e doentes acreditavam na flobotomia (sangria) como num evangelho. Na opinião geral, todas as doenças tinham origem no sangue demasiado espesso, pelo que se tentava tirar ao paciente o máximo de sangue possível. Quando os doentes já estavam tão debilitados, ao ponto de já não sentirem as dores nem as queixas que apresentavam, confirmava-se que o procedimento tinha ajudado. Também o clister era usado habitualmente, tanto para combater exantemas, como tonturas e bronquite. E quantidades enormes de eméticos eram dadas aos pacientes até estes perderem as suas últimas forças. Subalimentados, tinham que jejuar para poderem expulsar os “maus líquidos”.


Por esta altura, Hahnemann dominava doze idiomas, entre os quais latim, grego, inglês, francês, italiano, hebraico e a língua síria, pelo que podia ler os clássicos da medicina na sua versão original. Além do curso de Medicina, que concluiu em 1779 em Erlangen, com os exames e o seu doutoramento, estudou Química e versou-se em Farmácia, tendo adquirido óptimos conhecimentos para a época. Em 1789, traduziu dois volumes da obra do então papa da Química britânico, William Cullen, cujas explicações sobre os efeitos da Cinchona eram para Hahnemann tão absurdas, que decidiu testar a substância em si próprio. Os sintomas que teve eram semelhantes aos de um doente de malária. Reconheceu muito bem este estado porque tinha tido malária enquanto jovem.


Era o início da homeopatia, e com ela nascia o Princípio da Semelhança, em que, nomeadamente, um medicamento tem o poder de criar num organismo sadio determinados sintomas doentios enquanto num doente com sintomas semelhantes pode agir como curativo. Uma tese que Hipócrates, considerado o pai da medicina científica e nascido em 460 antes de Cristo, já defendera antes.


Hahnemann testou cerca de uma centena de remédios em si próprio, na sua esposa, e nos seus onze filhos e conhecidos. Desta forma, surgiram os primeiros testes de curativos. Com alguns remédios, como por exemplo Pulsatilla compilou um núcleo de mais de 2000 sintomas.
Assim, criou o termo “Homeopatia”, do grego “Homoios”, semelhante, o contrário de Alopatia, “allos”, o outro. Alopatia é o que hoje entendemos por medicina convencional.


A Alopatia, portanto medicina convencional, cura pelos opostos. Ou seja, no caso de diarreia, por exemplo, seria dado um antidiarreico, numa obstipação, algo para induzir a diarreia; em perturbações do sono, um remédio para dormir; para batimentos cardíacos insuficientes, um estimulante do ritmo cardíaco; para a acumulação de água no organismo, um remédio para a redução dos níveis de água. Sendo que, à partida, com o remédio o sintoma do incómodo desaparece, o doente tem pela primeira vez a sensação de ser curado. Ainda assim, fica por explicar o porquê do sintoma, ou seja, a causa (ex: o edema no caso de insuficiência cardíaca) era desconhecida. A causa, todavia, é persistente, sendo necessário repetir continuamente os procedimentos. O doente habitua-se ao remédio. O seu organismo começa a debilitar-se cada vez mais, pelo que tem que ser indicado um remédio mais forte. E eis que surgem outras complicações associadas ao medicamento, os chamados efeitos secundários, pelo que é indicado um outro remédio. O organismo luta então entre duas frentes (ex: diurético com hipocaliémia - potássio).

A hipótese científica da “cura pelos opostos” é, porém, errada, porque uma cura verdadeira nunca chega a acontecer, uma vez que a causa persiste.
Hahnemann substituiu este dogma da “cura pelos opostos” pelo princípio de “semelhante cura semelhante”. Isto é: um remédio que produz um determinado efeito numa pessoa sã está também em posição de provocar semelhante efeito de cura numa pessoa doente.

Hahnemann pegou em plantas como (ex: Belladona, Dulcamara, Chamomilla, Digitalis, Pulsatilla), em animais (Moschus, Bisam, Spongia), minerais (enxofre, fósforo) e metais (arsénio, mercúrio, ferro, ouro, estanho, bismuto) e criou uma tintura-mãe, isto é, a matéria-prima pura. Com isso, começou a tratar os seus pacientes. Porém, as reacções aos efeitos destes remédios foram excessivas, o que o incitou a reduzir as doses. Diluiu uma parte da tintura-mãe em exactamente 99 partes de álcool, e agitou o composto 10 vezes, isto é, agitou 10 vezes a garrafa que continha a mistura. Assim, deu origem à primeira potência, a que chamou de C1 (C= centesimal). Isso significa uma diluição de cem vezes. Ainda assim houve fortes reacções, pelo que decidiu retirar uma parte do C1, e voltar a misturar com 99 partes de álcool, o que resultou no C2 e assim por diante. A palavra “diluição” é, aqui, inapropriada, uma vez que o ser humano geralmente a associa a uma diminuição dos efeitos. Na homeopatia aplica-se exactamente o contrário. Quanto maior a diluição (= potência), tanto mais intensos e rápidos são os efeitos do remédio. Assim sendo, o processo de agitar é extremamente importante.
Portanto: diluição + agitação = potencialização. Através da progressiva potencialização, a matéria-prima inicial torna-se mais e mais potente e eficaz. Podemos fazer a comparação, de certa forma, com o carvão que é transformado em electricidade.

Para a medicina convencional tudo isto é um absurdo, porque, por exemplo, a C30 já não contém uma única molécula da substância inicial. Porque até hoje, a ciência ainda não dispõe de um modelo concludente ou suficientemente convincente que possa explicar de que forma é que a C30 ainda pode surtir efeitos. Os homeopatas, em todo o caso, também não o sabem explicar. Afinal, pode-nos ser indiferente porque é que a homeopatia resulta e todos os dias nos deparamos novamente com os seus efeitos.

E eu fui tirar um mini-curso disto dado pelo Dr. Lehmann, porque passei-me por completo com os efeitos que vi na minha Fifi... ;)

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